Todo dia a gente nasce, porque a gente acorda.
Todo dia a gente morre, porque a gente dorme.
Ninguém se da conta de que a vida em si é separada em milhões de pedaços...
Milhões de vidas numa só.
Cada dia... Por que 24 horas?
Ta, porque é o tempo que a terra gira em torno do sol.
Mas se parar para pensar, o seu dia é sua chance de vida, é seu dia para viver.
É uma oportunidade que se tem, todos os dias quando você acorda, de mudar tudo.
De fazer diferente, de olhar tudo de novo, mas de outro jeito.
Por favor, nunca caiam na mesmice.
Nunca acordem e digam: "Saco, esse será um dia como os outros".
Então você acorda, lava o rosto, escova o dente, olha sua cara amassada no espelho e já decorou todos seus traços, já decorou todas suas caretas e imperfeições.
Você está diante ao espelho, mas não sabe quem é.
Sabe decorado seu formato, mas esquece que isso tudo é um instrumento, é uma locomoção... Como o carro que dirigimos ou o avião que você pega para viajar.
Você já nasce num dirigível que te leva pra onde você quiser.
Você não é o que você vê.
Você é apenas o que está por baixo de três camadas de pele.
É como tudo que se toca.
É como tudo que é sólido e concreto.
Sempre há algo por trás.
O piano é apenas uma aparência, o som que vem dentro dele que faz ele ser um piano.
O livro que você lê, a capa é bonita, bom fotógrafo, mas ele só é um livro pelo que há por detrás de sua capa.
Porque você seria diferente?
É possível que você se odeie, bem possível.
É possível que você exageradamente se ame, muito menos possível.
O que importa é que nada disso vale se você tem em mente a grandeza que é mais um dia normal na sua semana.
As pessoas fazem nada mais nada menos do que contar desde Segunda-feira para o fim-de-semana. Como se esses dias fossem tão menos interessantes que o fim de semana em si.
Por que? Folga, sem horário para acordar, sem compromisso, festas, descanso...
Lógico, tudo isso é muito bom. E muito cômodo de acreditar.
Mas você é um corpo perambulando pelo mundo e nada te impede de ir embora do mesmo modo que você chegou aqui...
De repente.
O fato de nós todos dormimos todos os dias, é uma coisa que me intriga.
Eu não sei se vocês reparam direito nisso, mas realmente, todo mundo, sem exceção, precisa dormir. Ok, isso não tem nada de tão espetacular assim. Mas se você for comparar uma vida, e reduzir a grandeza de uma vida em 24 horas é como se isso realmente acontecesse.
Você acorda, sem saber onde está, acorda novo, acorda inocente, ingênuo, acorda quente e confortado.
Logo começa seu dia, você faz suas rotinas como uma pessoa já adulta, ao longo do dia, você vai se cansando, o corpo pesa, o corpo vai ficando ao final da tarde, como cansado de um velho de 50 anos, ao final do dia você está querendo, e não só por querer, mas precisando dormir, você já está velho pro seu dia.
E então a pessoa se deita, apenas relaxa, e se vai.
E eu te pergunto: Pra onde que todo mundo vai, todos os dias?
Que como uma morte, a pessoa se mantém inconsciente, em um mundo irreal, surreal, ou real? Quem sabe?
Será que o que você lembra que sonhou realmente é o que você sonhou?
E qual é a do sonho!
A gente faz isso todos os dias, num período até mesmo maior do que o horário de nossos trabalhos, e não nos lembramos, e não notamos, nem damos valor.
A maioria das pessoas que eu conheço têm medo da morte.
Mas se você simplifica as coisas, vê que não há nenhum mistério em morrer.
Por que talvez você chegue no fim da vida, com seus devidos oitenta ou noventa anos (se você der sorte), e vai dormir como qualquer outro dia que você dormiu desde que nasceu. Pode ser que sua morte dure 8 horas, ou 16 se você for dorminhoco.
Mas e se, ninguém explica a morte, porque na verdade ela não existe?
E se ninguém volta para contar sobre o que há depois da morte, porque na verdade todos esses que morreram, nem sabem que morreram.
E se você morre mesmo todo dia, e acorda todos os outros dias, com a mesma cara, o mesmo corpo, mas com a cabeça, a cada dia diferente.
Entenda que a única coisa que é igual todos os dias, é o que te reveste.
Há coisas muito mais complexas sobre você do que você mesmo.
Sua identidade, por exemplo, é apenas seu registro na sociedade, apenas um número de oito dígitos na carteira que identifica o espaço que você ocupa no mundo, e seu lugarzinho no sistema capitalista.
Sua identidade é como uma barra de códigos, onde o produto é você. Ponto.
Sua personalidade, que você acha que é você, que você acha que é única, é apenas um luxo do seu cérebro de criar um personagem para você, de acordo com seus gostos e desgostos.
"Eu sou responsável, eu sou ciumenta" Não, você não é, você faz ser!
Nenhuma emoção é concreta, você não é dono de nenhum sentimento e nenhuma emoção.
A sua personalidade nada mais é do que o modelo de pessoa que você programou pra você de acordo com seus valores, culturas e até mesmos os outros personagens em volta de você.
Você não é o seu corpo, você não é quem você acha que é, é muito além disso, a sua personalidade foi criada pelo seu cérebro.
Não adianta dizer que se conhece bem, só porque sabe a comida favorita, seus piores defeitos, o que gosta e o que não gosta, suas determinações e suas opiniões.
Não é o dia que é sempre igual, não é a semana que é muito repetitiva, é você!
Se você não muda todo o dia, o dia nunca vai mudar pra você.
quarta-feira, março 14, 2007
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