terça-feira, fevereiro 13, 2007

Na hora de cantar todo mundo enche o peito nas boates, levanta os braços, sorri e dispara: "eu sou de ninguém, eu sou de todo mundo e todo mundo é meu também". No entanto, passado o efeito do uísque com energético e dos beijos descompromissados, os adeptos da geração "tribalista" se dirigem aos consultórios terapêuticos, ou alugam os ouvidos do amigo mais próximo e reclamam de solidão, ausência de interesse das pessoas, descaso e rejeição. A maioria não quer ser de ninguém, mas quer que alguém seja seu.Beijar na boca é bom? Claro que é! Se manter sem compromisso, viver rodeado de amigos em baladas animadíssimas é legal? Evidente q sim. Mas por q reclamam depois? Será q os grupos tribalistas se esqueceram da velha lição ensinada no colégio, onde "toda ação tem uma reação".Agir como tribalista tem conseqüências, boas e ruins, como tudo na vida. Não dá, infelizmente, p/ ficar somente com a cereja do bolo - beijar de língua, namorar e não ser de ninguém. Para comer a cereja é preciso comer o bolo tdo e nele, os ingredientes vão além do descompromisso, como: não receber o famoso telefonema no dia seguinte,não saber se está namorando mesmo depois de sair um mês c/ a mesma pessoa, não se importar se o outro estiver beijando outra, etc, etc, etc. Embora já saibam namorar, "os tribalistas" não namoram. Ficar, também é coisa do passado. A palavra de ordem hoje é "namorix". A pessoa pode ter 1, 2 e até 3 namorix ao mesmo tempo. Dificilmente está apaixonada por seus namorix, mas gosta da companhia dele e d manter a ilusão de que não está sozinho. Nessa nova modalidade de relacionamento, ninguém pode se queixar de nada. Caso uma das partes se ausente durante uma semana, a outra deve fingir q nada aconteceu, afinal, não estão namorando. Aliás, quando foi q se estabeleceu q namoro é sinônimo de cobrança?A nova geração prega liberdade, mas acaba tendo visões unilaterais. Assim como só deseja "a cereja do bolo tribal", enxerga somente o lado negativo das relações mais sólidas. Desconhece a delícia de assistir um filme debaixo das cobertas num dia chuvoso comendo pipoca com chocolate quente, o prazer de dormir junto abraçado, roçando os pés sob as cobertas e a troca de cumplicidade, carinho e amor.Namorar é algo que vai muito além das cobranças. É cuidar do outro e ser cuidado por ele, é telefonar só para dizer bom dia, ter um a boa companhia p/ ir ao cinema de mãos dadas, ter alguém p/ fazer e receber cafuné, um colo p/ chorar, uma mão para enxugar lágrimas, enfim, é ter "alguém para amar".Já dizia o poeta que "amar se aprende amando" e se seguirmos seu raciocínio, esbarraremos na lição que nos foi passada nas décadas passadas: relação é sinônimo de desilusão. O número avassalador de divórcios nos últimos tempos, só veio a confirmar essa tese e aqueles que se divorciaram (pais e mães dos adeptos do tribalismo), vendem na maioria das vezes a idéia d q casar é um péssimo negócio e q uma relação sólida é sinônimo de frustrações futuras.Talvez seja por isso q pronunciar a palavra "namoro" traga tanto medo e rejeição. No entanto, vivemos em uma época muito diferente daquela em q nossos pais viveram. Hoje podemos optar com maior liberdade e não somos mais obrigados a "comer sal junto até morrer". Não se trata d responsabilizar pais e mães, ou atribuir um significado latente aos acontecimentos vividos e assimilados na infância, pois somos responsáveis por nossas escolhas, assim como o q fazemos c/ as lições q nos chegam.A questão não é causal, mas quem sabe correlacional. Podemos aprender amar se relacionando.Trocando experiências, afetos, conflitos e sensações. Não precisamos amar sob os conceitos q nos foram passados. Somos livres para optarmos. E ser livre não é beijar na boca e não ser de ninguém. É ter coragem, ser autêntico e se permitir viver um sentimento...É arriscar, pagar para ver e correr atrás da felicidade. É doar e receber, é estar disponível de alma, para que as surpresas da vida possam aparecer. É compartilhar momentos d alegria e buscar tirar proveito até mesmo das coisas ruins.Arnaldo Jabor

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